08/06/2020 às 21h43min - Atualizada em 08/06/2020 às 23h07min

Redação Maricá: O que muda para as gestantes durante a quarentena?

Com a pandemia do coronavírus, muitas mães de primeira viagem e mulheres que foram surpreendidas por uma gravidez não planejada tem convivido com as preocupações de ser gestante durante a pandemia de coronavírus. O medo de não poder ter um acompanhante durante o parto e outras dúvidas em relação ao coronavírus aparecem constantemente em grupos de redes sociais de grávidas. E com a crise na saúde, a insegurança dessas mulheres em relação ao que vão encarar durante a gestação e no parto aumenta.

As dúvidas são várias: grávidas são grupo de risco do coronavírus? O pré-natal muda com a pandemia? As mães poderão amamentar seus bebês recém-nascidos?  As principais questões levantadas pelas gestantes estão presentes nesta matéria, e foram respondidas pelas obstetras Ana Cristina Duarte, do Coletivo Nascer, e Roberta Grabert.

1. Grávidas são grupo de risco do coronavírus?

Segundo o Ministério da Saúde, as gestantes e puérperas são mais vulneráveis a infecções e, por isso, estão nos grupos de risco do vírus da gripe. "Estudos científicos apontam que a fisiopatologia do vírus H1N1 pode apresentar letalidade nesses grupos associados à história clínica de comorbidades dessas mulheres. Sendo assim, para a infecção pelo Covid-19, o risco é semelhante pelos mesmos motivos fisiológicos, embora ainda não tenha um estudo específico conclusivo. Portanto, os cuidados com gestantes e puérperas devem ser rigorosos e contínuos, independente do histórico clínico das pacientes", disse a instituição em nota à imprensa. 

Por isso, é fundamental que as gestantes mantenham o isolamento social, não recebendo visitas. Além disso, é preciso manter a higiene e ter uma alimentação mais saudável para fortalecer a imunidade. 

2. São necessários cuidados especiais na quarentena?

A preocupação com o bem-estar mental e físico para quem está em casa tem outro peso para as mulheres grávidas, que convivem com variações de emoções específicas. “A grávida é um poço de hormônios. Além deles, tem a questão psíquica de carregar outra vida, é muita responsabilidade”, diz a obstetra Roberta Grabert. Procurar formas de se exercitar em casa, aliando hábitos que deixam a mulher mais relaxada é outra recomendação.

Com mais pessoas da família fora dos espaços de trabalho e educação, há uma tendência de que todas as questões familiares e domésticas sobrecarreguem mais as mulheres na quarentena. “Em alguns lares isso pesa muito, porque tem que resolver a casa, a comida, os filhos, estudos dos mais velhos”, diz Ana Cristina. Investir na comunicação da família e na divisão justa de tarefas é um caminho comum para as gestantes e todas as mulheres – e vai além pandemia.

3. O que muda no pré-natal?

Muda pouco. Ficar em casa é uma das principais recomendações para não pegar coronavírus. Por outro lado, rotinas básicas da gestação incluem consultas médicas presenciais e exames solicitados de acordo com o perfil da gestante e da evolução da gravidez. O pré-natal deve continuar sendo feito, com o mínimo de saídas possível. Roberta orienta a priorizar os exames essenciais para entender como está a saúde da gestante e do bebê.  Tanto exames solicitados e quantidade de consultas variam de acordo com a saúde da mulher.

Quem deve orientar sobre isso é a médica(o) que acompanha a gravidez. “Tudo vai depender do estágio da gravidez que a mulher está, como cada grávida está se sentindo. Se ela tem outra doença, como diabetes, a orientação vai ser diferente de uma gestante que não tem problemas de saúde.”

Para quem tem algum receio de ir às consultas ou exames, é necessário enfrentar o medo com todos os cuidados. “Se tiver que esperar, fique do lado de fora, evite salas de espera lotadas, lave as mãos, tome um banho quando chegar em casa. É mais do que suficiente”, diz Ana Cristina.

As gestantes podem ligar nos serviços de pré-natal ou para a sua médica(o) e verificar como eles se organizaram para o atendimento durante a epidemia. Cumprir os horários de consultas e exames com rigor também evita aglomerações e filas que possam surgir nas salas de espera. Apesar disso, com a sobrecarga do sistema de saúde, pode ser que algumas mulheres tenham problemas para fazer o pré-natal. Se estiver com dificuldades para seguir o pré-natal por causa de exames e consultas desmarcados na rede pública ou privada, a mulher pode denunciar na secretaria municipal de saúde da cidade onde mora. É a secretaria que precisa oferecer uma alternativa e atender a demanda, mesmo que seja em outro posto de saúde.

4. É permitido acompanhante no parto?

Para reduzir os riscos de contágio à mãe e ao bebê na hora do parto, algumas medidas estão sendo tomadas. Normalmente, nos partos normais, as maternidades permitem que a gestante possa receber quem quiser na sala de parto. Mas durante a epidemia, Roberta conta que foi estabelecido o limite de um acompanhante por parto.

Ter um acompanhante é um direito da mulher. Conhecida como Lei do Acompanhante, a lei  nº 11.108 obriga serviços de saúde público ou privado a permitirem que a gestante tenha um acompanhante no trabalho de parto, parto e pós-parto nos hospitais.

Ana Cristina recomenda que a grávida escolha acompanhante que não tenha sintomas de coronavírus para ficar na sala e que ele evite andar pelo hospital enquanto espera a chegada do bebê. Da mesma forma que a equipe médica, o acompanhante deve usar equipamentos de proteção na sala de parto.

5. Qual é o melhor tipo de parto durante a pandemia?

Não faz diferença. Mas como durante a epidemia somente é recomendado ir a um hospital com sintomas graves de coronavírus, devido ao risco  de entrar em contato com uma pessoa contaminada, mulheres estão repensando seu modelo de parto para ficar menos tempo no hospital. A escolha está sendo pelo parto normal, que tem alta mais rápido.

No entanto, a pandemia não deve interferir nesta escolha. As especialistas explicam que o tipo de parto é uma indicação do médico, que avalia as condições de saúde da mãe e do bebê para tomar uma decisão. Apesar da recomendação médica, se a paciente desejar, ela pode escolher o tipo de parto.

6. Os bebês recém-nascidos precisam de cuidados especiais?

Se o bebê recém-nascido precisar de algum cuidado pós-parto, manter a mãe próxima do bebê  na recuperação diminuiu as chances de exposição a doenças. Entre as idas e vindas do berçário para a amamentação, um vírus pode transitar com o recém-nascido, por isso as obstetras recomendam o alojamento conjunto. O bebê fica no quarto com a mãe enquanto aguarda a alta do hospital.

7. Grávidas devem ir tomar vacina de H1N1?

Sim. As grávidas devem tomar a vacina de H1N1, de acordo com o calendário do Ministério da Saúde. A ideia é prevenir que a gestante tenha a gripe comum, porque além de evitar uma ida ao hospital em um período de pandemia de uma doença respiratória, a gripe faz mal para gestantes. “O H1N1 não gosta de grávidas e se manifesta de maneira mais agressiva nelas, o que pode influenciar o desfecho obstétrico, com complicações no parto e até óbito materno”, explica Roberta.

Gestantes podem tomar a vacina desde o momento que descobrirem a gravidez até 45 dias depois do parto. “Se a gente puder tirar as outras doenças respiratórias de cena, isso vai fazer um favor enorme para a saúde de todo mundo”, diz a obstetra.

8. E a amamentação?

A recomendação dos especialistas é que as mães restrinjam o contato com o bebê apenas à amamentação. Manter a amamentação é importante, já que não há nenhum estudo que comprove que o coronavírus possa ser passado por meio do leito materno. No entanto, é essencial que as mulheres estejam atentas às medidas de higiene. 

"Quando for amamentar, a mãe deve trocar de roupa, usar máscara, manter os cabelos presos e evitar usar brincos, pois eles podem acumular sujeira", diz uma especialista. Sobre as outras tarefas, como banho e troca do bebê, o recomendado é que sejam realizadas por outra pessoa para evitar a contaminação. 

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) alerta que, no caso de a mãe não se sentir à vontade para amamentar diretamente seu filho, ela poderá extrair o seu leite manualmente ou usar bombas de extração láctea, desde que bem higienizadas. Assim, um cuidador saudável poderá oferecer o leite ao bebê por copinho, xícara ou colher.

Fonte: Gênero e Número; Revista Crescer


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